3 motivos pelos quais o Planejamento Estratégico falha
No Brasil, o final de ano de algumas organizações é marcado pelo período de elaboração do planejamento estratégico. O intuito de planejar a estratégia consiste em definir um conjunto de objetivos, indicadores, metas e iniciativas que nortearão as atividades desenvolvidas pela organização durante o próximo período. Normalmente, este período refere-se ao ano seguinte à elaboração do planejamento.
O ritual do planejamento estratégico normalmente engloba fatores como a realização de reuniões e workshops com a alta gestão e a liderança, elaboração de análise de cenário, avaliação de desempenho do período anterior e em alguns casos, um possível realinhamento da missão, visão e valores da organização.
Este ritual pode ser conduzido de várias formas. Há no mercado diversas metodologias que podem ser utilizadas, no entanto, é provável que nenhuma delas possa garantir que 100% dos objetivos elaborados sejam alcançados. Alguns gestores sabem disso, por isso, é possível que um percentual de organizações que elaboram o planejamento estratégico tem conhecimento de que pouco ou nada do planejado será alcançado. Alguns executivos relatam o fato de que em vários momentos do ano, ao olhar para o mapa estratégico (ferramenta gráfica utilizada para descrever os objetivos estratégicos) percebem que os objetivos elaborados estão fora do contexto e da realidade da organização.
Com base nestas experiências é possível identificar três fatores que podem impedir que sua organização, a organização onde você trabalha ou presta serviço alcance os objetivos estratégicos elaborados:
1. Objetivos distantes da realidade da organização
Um percentual das organizações que elaboram planejamento estratégico ignoram a realização de um diagnóstico organizacional, fator que pode ser muito importante no momento de identificar se os objetivos elaborados estão ou não de acordo com a realidade da organização. Composto de quatro análises: (1) análise das partes interessadas, (2) análise de ambiente (3) análise de risco e (4) análise financeira, o diagnóstico organizacional tem como principal objetivo realizar uma análise do estado atual da organização no intuito de diminuir as incertezas negativas e explorar as incertezas positivas durante a elaboração do planejamento estratégico.
Como exemplo, pense em uma organização que definiu um objetivo de resultado que consiste em aumentar o faturamento bruto em 20% no próximo ano, no entanto, não elaborou diagnóstico organizacional. Esta organização deixou de identificar um novo concorrente (uma parte interessada) que está ganhando mercado, que representa uma ameaça e um risco negativo de alto impacto. Além disso, a organização parece estar perdendo produtividade, com base no faturamento, que vem apresentando leve diminuição nos últimos três anos. Com esta combinação é provável que a organização possua muitas dificuldades para alcançar o objetivo desejado, contudo, sem a realização do diagnóstico ela apenas descobrirá durante o período de avaliação do plano.
2. Ausência de um plano de gerenciamento da estratégia
Planejar o gerenciamento da estratégia significa que as organizações além de cumprir com o ritual de planejamento estratégico habitual, desenvolvendo um sistema de objetivos, indicadores, metas e iniciativas, precisam elaborar um segundo planejamento que indica como a estratégia será gerenciada.
O objetivo deste segundo planejamento é elaborar um plano de gerenciamento da estratégia, documento que define dentre outros aspectos, as ferramentas de monitoramento e controle a serem utilizadas, tais como: definição do comitê interno, definição do período de avaliação dos objetivos, definição de responsabilidades, controle dos planos de ação, além de incluir planos menores como o plano de gerenciamento dos riscos, plano de gerenciamento das partes interessadas e plano de gerenciamento do ambiente. Sem um plano de gerenciamento algumas organizações podem não conseguir gerenciar a estratégia de forma satisfatória, permitindo que a equipe perca o foco dos objetivos em meio as estressantes atividades de rotina.
3. Falta de engajamento dos colaboradores
Uma das reclamações mais comuns é a falta de comprometimento da equipe com os objetivos. O insistente não cumprimento de metas e planos de ação estão entre os principais aspectos citados. O argumento é válido, contudo, vale ressaltar que em algumas situações a gestão é a principal responsável pela falta de engajamento dos colaboradores.
Engajar os colaboradores é papel da liderança. As pessoas precisam ser convencidas de que aquilo merece ser realizado. Por muitas vezes, colocar um quadro na parede com a missão, visão e valores, não é o suficiente. As pessoas precisam de incentivos, de melhores condições de trabalho, de inspiração para alcançar o propósito da organização. Precisam estar envolvidas no processo, criando um entendimento sobre a relação entre os objetivos estratégicos, missão, visão e valores da organização.
Traçar metas absurdamente altas sem explicar o porquê que elas precisam ser alcançadas parece ser uma prática comum nas organizações. No entanto, vale lembrar o que diz Simon Sinek: as pessoas não compram o que você faz, elas compram por que você faz. A melhor forma de mostrar para equipe o significado do planejamento é criando uma integração entre os objetivos estratégicos e a missão da organização. Se a organização não possuir uma missão que engaje os colaboradores é provável que eles não se sintam motivados para conseguir alcançar os objetivos.
Dica importante:
A não inclusão dos colaboradores de nível operacional no processo de planejamento estratégico (o que dificulta o entendimento sobre o que é preciso fazer na prática para os objetivos serem alcançados) e a rotina diária muito intensa são aspectos que podem influenciar negativamente os resultados desejados. Neste caso, quão maior for a quantidade de colaboradores de nível operacional na organização, maior deve ser a capacidade de influência da liderança.